Séneca e São Paulo - Os Incêndios de Roma: Cartas (Apócrifo)
Edição de 2003 das Edições Íman
Tradução, prefácio e notas de Rui Tavares

Pretensamente escritas entre 58-64 D.C., durante o reinado de Nero, tendo muito provavelmente sido forjadas já no século IV, entre 320 e 380 D.C.

“Séneca saúda a Paulo. Julgas que não me encontro triste nem enlutado ao ver a vossa inocência atingida pelo suplício? Nem de ver que todo o povo vos considera irredutíveis e dignos de julgamento, atribuindo-vos a autoria destes actos contra a cidade? As eras passadas sofreram com o Macedónio filho de Filipe, os Ciros, Dário, Dionísio, e a nossa própria era com Gaio César (Calícula), os quais faziam tudo o que queriam. Os incêndios de Roma têm uma origem manifesta. Mas se á humildade humana fosse permitido dizer de suas causas e falar impunemente nesta época de trevas, todos perceberiam tudo. Que os Cristãos e Judeus sejam supliciados como autores dos incêndios é já costume. O culpado, qualquer que ele seja, que se compraz na carnificina e se refugia na mentira, tem o seu destino fixado; e da mesma forma que o melhor de nós ‘deu a cabeça de um por todos’, também o culpado será cremado pelo fogo por conta de todos. Centro e trinta e dois palácios e quatro mil ínsulas arderam durante seis dias; ao sétimo dia repousou. Desejo-te, irmão, soa saúde. Feita a 5 das Calendas de Abril, sob o consulado de Frúgio e Basso.”

excerto de CARTA XIV